Há algum tempo atrás, eu havia feito um cronograma de uma boa parte da minha vida. Desenhei no caderno cada passo que iria dar nos próximos anos. Decidi o quê e como usar. Planejei meus altos e baixos. Dei um curto espaço para os imprevistos. Fechei qualquer possibilidade de desvios de conduta. Foi então que você me apareceu...
Não sei como não adivinhei que a vida me pregaria mais uma de suas inesperadas peças. Você foi se infiltrando de modo com que todos os versos e parágrafos do meu alvo simplesmente se apagassem. A partir daí, o seu coração tomou lugar das linhas que eu havia escrito. O seu coração tornou-se então o meu objetivo constante.
O tempo foi passando e, minha vida já não tinha sentido nenhum sem você. Foi aí que desisti de todos os planos - ou quase todos - ... Foi aí que comecei a acreditar na junção de 'para' e 'sempre. Depois que me transformei em êxtase nunca mais fui o mesmo. Eu estava enfim, completamente entregue a você.
Uma vida perfeita:em meio a tantas decepções, eu havia encontrado o meu tão procurado porto seguro. Já não precisava de cronograma algum, pois sabia que de um jeito ou de outro, tudo iria dar certo, pois você estaria comigo mesmo depois da nossa morte carnal.
E agora, sem mais, me pego em lágrimas, relembrando do dia em que você me disse adeus. Desde então eu sou um nada. Sou preto e branco. Sou nublado. Sou cinzas.
Meus amigos tentam me convencer de que tudo isso irá passar. Mas e eu? Alguém se quer me perguntou se eu quero que isso passe? Alguém se preocupou em me deixar escolher?
A dor da sua ausência é pior do que as minhas crises respiratórias. Não existe palavra que defina esse abismo. Não existe nada que possa ser ao menos semelhante a você.
Eu continuo relembrando, sonhando, chorando, desejando... Continuo aqui, esperando você ligar outra vez pra me dizer ''bom dia''.
